terça-feira, 3 de julho de 2012

Greve: Uma luta por melhores condições de trabalho!




  1917: Greve geral no Brasil, deflagrada em 11 de Julho na cidade de São Paulo, após a morte do jovem espanhol José Martinez no dia 09 do mesmo mês, foi o estopim para esta data histórica em nosso país. Mais de 70 mil trabalhadores aderiram o movimento onde armazéns foram saqueados, bondes incendiados e grandes barricadas foram montadas em meio às ruas.

  Este movimento surgiu a partir do processo de politização importada dos trabalhadores brasileiros, pois as ideias e princípios organizacionais foram trazidos dos trabalhadores estrangeiros, europeus, italianos e espanhóis, que vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida.

  Apesar de não ter sido um movimento emanado do povo brasileiro, como de fato ainda não costuma ser, marcou a trajetória de luta trabalhista porque mudanças ocorreram nos moldes de exigências feitas ao trabalhador pelos patrões.

 O que ocorria para que houvesse tanta insatisfação? A exploração da força de trabalho era absurda, pois um trabalhador vivia em condições precárias de trabalho. Ocorria a exploração da mão de obra infantil e as jornadas laborais tinham mais de 13 horas.
  
 A partir daí que os trabalhadores influenciados por ideias estrangeiras passaram a se articular de maneira política, impulsionando o surgimento de sindicatos e movimentos dos trabalhadores, fato que passou a ser visto pelos patrões como uma ameaça aos seus interesses, atualmente com uma influência menor, devido ao fato de alguns sindicatos terem se tornado aliados dos empregadores.

  Em conformidade às ideias de Edgard Leuenroth, principal líder do movimento de 1917, a greve jamais deve ser considerada como um ato de balbúrdia, mas sim como um movimento expressivo de indignação e reação às más condições de trabalho, que luta pela prática dos direitos já conquistados ou por novas conquistas a serem feitas pelo proletariado.

  A greve foi deflagrada em São Paulo e Hermínio Linhares em seu livro Contribuição à história das lutas operárias no Brasil; 2ª Ed.; São Paulo; Alfa-Omega; 1977, diz que o auge deste período foi a greve geral de julho de 1917, que paralisou a cidade de São Paulo durante vários dias. Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. Fez o comércio fechar, os transportes pararem e tornou o governo impotente mediante a força do movimento, pois os grevistas tomaram conta da cidade por trinta dias.

  Leite e carne só eram distribuídos a hospitais e, ainda assim, com autorização da comissão de greve. Com isso, o governo abandonou a capital. E os trabalhadores exigiram:
- Que fossem libertadas todas as pessoas detidas por motivo de greve;
- Que fosse respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
- Que nenhum operário fosse dispensado por haver participado ativa e ostensivamente do movimento grevista;
- Que fosse abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
- Que os trabalhadores com menos de 18 anos não fossem ocupados em trabalhos noturnos;
- Que fosse abolido o trabalho noturno das mulheres;
- Que houvesse aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;
- Que o pagamento dos salários fosse efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento;
- Que fosse garantido aos operários trabalhos permanentes;
- Que a jornada tivesse oito horas com a semana inglesa;
- Que o trabalho extraordinário fosse aumentado em 50%.
  
  No final de tudo, os trabalhadores conquistaram parte de suas exigências, pois os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram analisar o restante de suas exigências, mas o grande ganho de todo este movimento foi o legado e o reconhecimento do movimento trabalhista no país como instância legitima. A partir disso, os patrões passaram a negociar com o proletariado e a considerar suas decisões.
  
  Hoje ao observar determinados comentários dos que desconhecem o histórico de luta e sofrimento da classe trabalhadora, fico entristecido porque estas pessoas atribuem a classificação de desordeiros e inimigos da ordem social aos que lutam e querem exigir melhores condições de trabalho em nosso país.
  
  Querem um retrocesso? Voltar à escravidão? E no que mais fico indignado é que estas pessoas são também proletários e sofrem assim como você e eu.  Não podemos fechar os olhos e sermos apenas radicais afirmando que não houve melhorias, seriamos levianos ao afirmarmos isto, por que se comparado ao passado, as condições de trabalho melhoraram e muito, mas hoje as exigências são outras porque as necessidades dos empregadores mudaram também e precisamos nos adequar a elas, assim como os patrões precisam se adequar às novas exigências das relações de trabalho.

  É absurdo ficarmos de braços cruzados esperando que os empregadores se preocupem com nossas condições. O segredo é nos mobilizar e manter viva a luta daqueles que tiveram a ousadia de enfrentar a opressão patronal e fizeram triunfar os direitos trabalhistas.



Por Nilberte Correia

Referencias bibliográficas:
·         DIAS, Everardo. "História das Lutas Sociais no Brasil". São Paulo: Editora Alfa-Omega, 1977 (1962). 330 p.
KHOURY, Yara Aun – As greves em São Paulo, São Paulo, Ed. Cortez/Autores Associados, 1981.

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